terça-feira, 30 de novembro de 2010

Infância


Havia uma flor que eu guardava no bolso; eu não sei muito bem como, mas ela sempre estava florida, não importava o dia, a hora ou a estação. O engraçado é que esse bolso era um bolso bem remendado e velhinho de um dos meus casacos favoritos que eu sempre usava.
Nessa época eu não lembro de tristezas ou preocupações. Era tudo muito, muito fácil. Só sei que em um dia bem bonito, no qual eu fui dar aquela olhada costumeira no bolsinho pra checar se a florzinha estava bem e não muito amarrotada depois das minhas brincadeiras infindáveis, ela não estava mais lá.
E nesse momento, a música que eu ouvia de repente parou, e a felicidade inacabável que eu sentia se ausentou, e a brincadeira que eu pensara nunca acabar acabou, e o verde do inverno gostoso amarelou, e o vento que ventava por entre meus cabelos gelou, e o pássaro que insistia em voar perto de mim se afastou e o Sol que brilhava forte no céu azul, esbranquiçou, e o meu melhor amigo incansável se cansou, e a cena linda que antes passava diante dos meus olhos terminou.
A florzinha eu sei que procurei, mas só apenas anos mais tarde depois que perdi eu a encontrei. E música que havia se esvaido eu achei, e a felicidade ausente eu recuperei, e a brincadeira acabada eu recomecei, e o amarelado das plantas de verde eu pintei, e no vento gelado eu me esquentei, e o passaro que se afastou eu agarrei, e com o Sol esbranquiçado eu me acostumei, e o meu melhor amigo cansado eu esperei, e a cena linda que voltava diante de meus olhos eu aproveitei.

Por: Tathy Fruit (moderadora do blog)

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