quarta-feira, 3 de novembro de 2010

As Crônicas de Sophia na Terra dos Adultos


"Querida Sophie,

Eu simplesmente não sei mais o que fazer. Não sei o que sentir. Parece-me que todas as vezes que tento sentir algo, alguém vem e me dá um soco. Então eu tropeço e caio, e quando olho para cima não há ninguém que me estenda a mão. Todos estão preocupados com suas próprias vidas e seus próprios problemas. E eu estou aqui, sozinha.
A todos que amo, gostaria de demonstrar o quanto são importantes para mim. Mas não posso. Não consigo. Estou bloqueada. Acho que, afinal, eles não precisam disso. Não parecem precisar. Então, por que me preocupo tanto com isso? Eu não sei o que fazer! Estou perdida, uma criança forçada a entrar no triste mundo dos adultos. Triste e solitário. Ah, já mencionei monótono?
Não entendo por que me largaram aqui. Não me deram instruções. Não me perguntaram se eu queria - e, que fiquei bem claro, eu não queria. E, agora, não me dão informações. Quem me trouxe para cá, afinal? Alguém mencionou um tal de Sr. Tempo, mas eu não entendo: não o conheço. Será que fui sequestrada por um estranho? Onde estão mamãe e papai? Onde estão meus amigos? Estou sozinha, Sophie. Estou sozinha e não sei a quem recorrer. Não sei como viver aqui. As pessoas parecem frias, solitárias e arrogantes. Ninguém me dá nada, ninguém me diz nada. Ninguém me instrui!
Às vezes penso que preciso de um professor. Alguém que me ensine como viver aqui. Mas eu já perguntei a uma moça alta e elegante, que parecia muito sábia. Ela, no entanto, olhou para mim e murmurou: "Pobre criança! Não há professores aqui, ninguém pode ensinar a crescer". E foi aí que eu comecei a chorar. Um, duas, três... Perdi a conta de quantas lágrimas deixei cair. Se for assim, não sei se conseguirei sobreviver. Não imagino como!
Ah, por favor, Sophie, mostre-me alguma direção. Diga-me o que fazer. Vá em frente, eu não me importo. Eu sei que antes me queixava de meus professores, sempre tão severos e dedicados. Mas agora...Ah, quem me dera ter um deles, qualquer um deles aqui, comigo? Não me importo de obedecer. Só quero que alguém me diga o que fazer. Porque eu, sinceramente, não faço a mínima ideia.
Com amor,
Sophie"

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